“Um Animal Amarelo” promove uma viagem fantástica e delirante pelo espaço e o tempo. Revisita fontes culturais como o modernismo brasileiro dos anos 1920 e o tropicalismo dos anos 1970, e nos propõe a refletir hoje sobre a arte como gesto possível na busca de novas e complexas identidades brasileiras para este nosso começo de século 21.
Escrito e dirigido pelo cineasta carioca Felipe Bragança, “Um Animal Amarelo” percorreu um caminho de sucesso por festivais internacionais e nacionais, com destaque para sua participação no Festival de Roterdã, Indielisboa e Festival de Gramado em 2020 onde recebeu 5 Kikitos: Melhor Atriz para Isabél Zuaa, Melhor Ator (menção especial) para Higor Campagnaro, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro e Melhor Filme. Encerrando com chave de ouro essa trajetória, o filme foi exibido na Premiere Brasil dentro da programação do Festival do Rio 2021.
“Um Animal Amarelo” estreia nos cinemas brasileiros no dia 26 de agosto e, posteriormente, no dia 27 de agosto em plataformas de streaming.
O longa conta a história de Fernando, um jovem e falido cineasta brasileiro que cresceu assombrado pelas memórias violentas de seu avô, um homem de origem portuguesa obcecado por riqueza e glória. Decidido a fazer um filme sobre seu antepassado, o cineasta mergulha em uma jornada que reconecta Brasil, Moçambique e Portugal, revisitando memórias e ruínas do passado colonial brasileiro, moçambicano e português. No caminho, as amizades e descobertas que Fernando encontra desafiam sua forma de ver o mundo, de narrar sua vida e de pensar o próprio cinema.
Filmado no Brasil, Portugal e Moçambique, o filme traz a inquietação do diretor sobre questões de identidade individual e coletiva: “O filme é feito no encontro misterioso entre o pesadelo político-cultural que estamos vivendo e histórias muito pessoais e escondidas sobre as quais os brasileiros nem sempre gostam de falar”, explica Felipe Bragança.
O diretor também respondeu qual foi o maior desafio durante as filmagens no Brasil, Portugal e Moçambique: O filme se passa em três países, diferentes tempos, diferentes camadas de história. Elenco vem também de três países. Dessa forma, o maior desafio era manter um pulso comum nesta jornada. Inventar uma profusão de tons e de texturas mas que nunca perdesse o corpo central, o espírito que motivou o filme: Um certo encantamento debochado. Um certo espanto mágico diante dos lugares por onde passamos. Para isso, os ensaios com os atores e a relação muito próxima com a equipe criativa (fotografia, arte, etc), foram gestos essenciais.
Além disso Felipe Bragança também comenta quais foram as referências cinematográficas que o ajudaram a compor o longa: Somos atravessados por muitos filmes, músicas e imagens. Cito dois cineastas que me guiaram em algum momento na composição do filme: Joaquim Pedro de Andrade e João César Monteiro. Além deles, do cinema contemporâneo brasileiro, minhas parcerias passadas com Karim Ainouz, Marina Meliande e Helvécio Maris Jr. sempre me servem de inspiração e aprendizado na busca de responder aquela perguntinha simples e que nos salta diante de olhos: “Aqui, agora, neste set, estamos olhando o quê?
“Um Animal Amarelo” tem produção de Marina Meliande e de Luís Urbano – produtor português de filmes de diretores como Miguel Gomes e Manoel de Oliveira – e traz no elenco o protagonismo do jovem Higor Campagnaro acompanhado de nomes como Herson Capri, Thiago Lacerda, Sophie Charlotte e Tainá Medina, além de um elenco luso-africano formado por Isabél Zuaa (As Boas Maneiras), Lucília Raimundo e Matamba Joaquim e dos portugueses Catarina Wallenstein, Diogo Dória e Adriano Luz. A distribuição é da Olhar Distribuição.