“Bacurau não é um filme de terror.” Se você pensa assim então pode estar muito enganado!
No último dia 24 de agosto a Trilha do Medo participou de um bate papo exclusivo com os parceiros do Telecine e um convidado muito especial, Juliano Dornelles, um dos diretores de “Bacurau”. E se você ainda não viu “Bacurau”, por favor, entre neste link aqui e assista agora mesmo!
Durante a conversa Dornelles comentou de onde surgiu a vontade de produzir “Bacurau”:
“Vinhamos sempre nessa nossa amizade [com Kleber Mendonça Filho], permeada pelo tesão de filme de gênero, cinema de gênero, faroeste, horror, ficção científica, e a gente sempre sentiu que no Brasil tinha essa lacuna…”. Ele explica sobre a questão da cobrança de temáticas regionais em editais: “Era essa vontade de fazer cinema de gênero, até porque a gente se submetia a projetos nos editais, a gente sentia que era sempre um padrão premiar, isso lá atrás, as coisas mudaram, mas há muito tempo atrás era difícil você emplacar um projeto que não tivesse uma temática regional, ou social. O que eu não tenho absolutamente nada contra, pelo contrário, eu adoro. Mas era uma repetição dos temas, e aí a gente ficava: “a gente tem que insistir, a gente tem que tentar fazer o tipo de cinema que a gente se identifica, que a gente quer ver.” Bacurau veio muito dessa energia”.
Perguntamos sobre o que Juliano achava de encararmos “Bacurau” como um filme de terror, e ele respondeu:
“Eu acho incrível! Eu adoro! Eu adoro filme de horror, quando o filme é bom. Tem muito filme bom de horror.”
Ele então comentou sobre “Bacurau” também visitar o gênero: “Eu acho que Bacurau funciona em várias camadas de interpretação e uma delas é o horror, mas eu acho que os elementos de horror às vezes são levados por uma necessidade gráfica, quase que esportiva, de quantidade de sangue de cenas de violência. A gente às vezes esquece que o horror pode existir em uma conversa entre duas pessoas sobre um determinado assunto e nada acontece fisicamente com aquelas duas pessoas, mas aquilo pode te causar arrepios e te deixar nervoso.”
Dornelles completa: “O horror, o sexo, essas reações físicas que o cinema pode proporcionar sempre são muito bem-vindas, a experiência enriquece, a aventura é muito maior, e eu amo filme de horror e fico muito orgulhoso quando leio que pessoas lembram do cinema de horror quando vêem um filme como Bacurau, tá tudo certo, que maravilha, que bom!”
Vamos enaltecer esse gênero e defende-lo quando ele estiver presente nos filmes, o terror é muito mais importante no cinema do que muitos imaginam. Espalhe essa palavra para quem exclui o terror de filmes que representam o gênero.