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#Entrevista: Conheça o terror indie ‘A Floresta das Almas Perdidas’

“No interior de Portugal, em uma remota floresta conhecida pelas recorrentes práticas de suicídio, duas pessoas se encontram. Ricardo é um pai de família que recentemente perdeu a filha e tem dificuldades em lidar com a situação, e Carolina é uma jovem no começo da vida adulta que tem gostos sombrios e peculiares que envolvem a morte. Mas um deles não é quem diz ser.”

‘A Floresta das Almas Perdidas’ já está disponível nas plataformas das principais operadoras de TV por assinatura, entre elas: NOW, Looke, Vivo Play e Microsoft.

Com direção de José Pedro Lopes, o longa narra uma história de terror passada numa floresta onde pessoas se suicidam. Estrelado por Daniela Love e Jorge Mota, o filme ainda traz no elenco Lígia Roque, Mafalda Banquart, Tiago Jácome, Débora Ribeiro e Lília Lopes. Com produção da 2203 Studio e Anexo 82 e distribuição no Brasil pela Fênix Filmes, o filme tem recebido críticas muito positivas e participou de festivais como o Festival de Sydney, o Fantasporto e o Fant Bilbao (Espanha) onde venceu o Prêmio de Melhor Filme.

Nós do Trilha do Medo entrevistamos a atriz Daniela Love e o diretor José Pedro Lopes, confira:

Gravar em um local externo no frio atrapalha ou ajuda na atuação?
Love: Acho que o frio acaba por dificultar, o corpo está menos disponível porque está tentando combate-lo. É mais uma coisa a gerir e nisso sinto que exige um maior grau de concentração (tal como todas as situações que nos fogem da zona de conforto).

O que você pode dizer da diferença da direção de um projeto que seria “luz” que foi o ‘Video Store’ para um outro que é “escuridão” ‘A Floresta das Almas Perdidas’ como Lopes citou?
Love: Foram processos muito parecidos em muitas medidas e muito diferentes noutras. Mas posso dizer que o que as filmagens do ‘Video Store’ tiveram em doçura, as da ‘Floresta das Almas Perdidas’ tiveram em aventura.

Você gosta de filmes de terror? Como foi gravar um?
Love: Gosto. Gosto muito. Pode parecer um bocado estranho mas é algo que me entusiasma bastante. Acho divertido.

Não Daniela Love, não achamos estranho não. Gostar de terror é só para os fortes (risos).

Perguntamos sobre o processo de produção e também sobre o gênero terror para o diretor José Pedro:

Você pensou em gravar o filme em PB desde o início do projeto? E por que?
José: “A Floresta das Almas Perdidas” é um conto de terror dentro de um drama familiar – é uma história passada num mundo triste e sem esperança. Seguimos pessoas que vivem com uma perda profunda. O preto e branco permitia-nos tornar todo o mundo do filme – quer a floresta quer a casa – num espaço de felicidade nula. Quando vemos em preto e branco, as formas, as texturas e a profundidade ganham relevo – sendo um filme muito visual, podemos também assim tirar o maior partido dos locais onde filmamos.

De onde veio a inspiração para a criação de A Floresta das Almas Perdidas?
José: A grande inspiração é a floresta de Aokigahara no Japão, o local mais conhecido no país pela prática do suicídio. Vem gente todos os anos de fora para ir à floresta, e é algo muito ligado à cultura japonesa, que por si mesmo leva o suicídio com um ânimo muito especial. Mas Portugal tem tradição de locais de suicídio também – sendo que a nossa floresta não existe mas é, supostamente, entre Portugal e Espanha, numa zona onde nos tempos da ditadura as pessoas iam para desaparecer.

Ultimamente qualquer assunto delicado como o suicídio, aqui no Brasil está sendo tratado com muitas discussões e também um certo tabu. Você teria algum outro tópico sensível que você gostaria de explorar no cinema?
José: O suicídio nem é o único tema grave de ‘A Floresta das Almas Perdidas’ – o filme aborda também a insensibilização das gerações novas aos problemas do outros, assim como a forma como as novas tecnologias isolam as pessoas e podem até ser usadas de forma predatória. Creio que um tema que precisa de ser abordado no cinema, de forma mordaz, é como transportamos conosco uma caixa que nos liga ao mundo mas que na realidade nos está a isolar, e a frustrar, e a insensibilizar.

Você é um diretor bem jovem, o que você diria para diversas pessoas que estão atrás do sonho de se tornar um cineasta?
José: O cinema é uma arte de equipe, e uma arte demorada. Você não consegue fazer filmes sozinho, nem por impulso. Por tal, precisa de arranjar um projeto que goste e apostar nele, dar o seu tempo, e juntar gente que acredita nele também.

Filmes de terror são difíceis de alcançar um público mundial, exceto produções de horror americana. Porque você acha que é tão difícil um filme de terror não “hollywoodiano” emplacar?
José: Creio que isso se passa em todos os gêneros do cinema – a ditadura de “Hollywood” é muito forte. Corremos o risco de a curto prazo só os cinéfilos verem cinema que não é de Hollywood. Entre os cinemas, o Netflix, e até a pirataria, tudo o que todas as pessoas vê e toda hora é Hollywood.

Então agora vá assistir um filme Português e deixe os filmes americanos e afins de lado por um tempinho.

 

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